sexta-feira, 19 de março de 2010

Um Poema de Outono

Mergulham no cinza os dias,
O mundo está descontente,
O sol se esconde de repente,
Foi-se o verão de alegrias.
 
Lá fora, o frio vento sibila.
A noite tem o véu da neblina
Amanhece e começa a rotina
Da gente que não vacila
 
Diante de intempéries loucas.
Encasacada vai cumprir a sina,
Debaixo de chuva úmida e fina
Das obrigações que não são poucas.
 
Bem-te-vi que a cantar vivia,
Banhando-se na água da nascente,
Esconde-se da chuva intermitente,
Lágrimas que o céu escondia.
 
Despem-se, lentas, as árvores belas,
De suas vestimentas mais antigas,
Espalham suas folhas amigas
Que se vão ao sabor das procelas.
 
Quem se abrigava à sombra delas
Para aliviar o calor, as fadigas,
Vê seus braços nus sem as cantigas
Dos bem-te-vis tagarelas.
 
Mas, o outono tem seu encanto,
É tempo de sopa quente, de carinho,
É estação que encurta o caminho
Da volta ao lar que se ama tanto.
 
Maria Hilda Alão
 

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