quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A Dor Que Dói Mais

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido às aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
 Crônicas De Martha Medeiros

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Abraço

Abraço é cuidado mudo. 
É a forma que encontramos de dizer:
tudo vai ficar bem, sem palavras. 
É proteção para pesadelos infantis, 
porta aberta para corações fechados. 
É revelar sentimentos
sem fazer estardalhaço.
É encontrar o caminho sem pedir informação.
Aconchego, morada,
calor que vem do tum tum tum do coração
e acalenta a alma.
Eu sou grude, todo mundo sabe
e aqueles que meus braços não alcançam,
Eu abraço com palavras.


Renata Fagundes

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Mas Ela Vai Voltar (Todos os Defeitos de Uma Mulher Perfeita)

Minha mente
Nem sempre tão lúcida
É fértil e me deu a voz
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Ela não é
Do tipo de mulher
Que se entrega na primeira
Mas melhora na segunda
E o paraíso é na terceira
Ela tem força
Ela tem sensibilidade
Ela é guerreira
Ela é uma deusa
Ela é mulher de verdade
Ela é daquelas
Que tu gosta na primeira
Se apaixona na segunda
E perde a linha na terceira
Ela é discreta
E cultua bons livros
E ama os animais
Tá ligado, eu sou o bicho
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
É fértil e me deu a voz
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Deixa eu te levar
Pra ver o mundo, baby
Deixa eu te mostrar
O melhor que eu posso ser
Deixa eu te levar
Pra ver o mundo, baby
Deixa eu te mostrar
O melhor que eu posso ser
Ela não é
Do tipo de mulher
Que se entrega na primeira
Mas melhora na segunda
E o paraíso é na terceira
Ela tem força
Ela tem sensibilidade
Ela é guerreira
Ela é uma deusa
Ela é mulher de verdade
Ela é daquelas
Que tu gosta na primeira
Se apaixona na segunda
E perde a linha na terceira
Ela é discreta
E cultua bons livros
E ama os animais
Tá ligado, eu sou o bicho
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
É fértil e me deu a voz
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Fazer da vida
O que melhor possa ser
Traçar um rumo novo
Em direção ao sol
Me sinto muito bem
Quando vejo o pôr-do-sol
Só pra fazer nascer a lua
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
É fértil e me deu a voz
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar

Charlie Brown Jr.


sábado, 8 de março de 2014

MULHERES IRRITADAS



"Adoro mulheres irritadas
Bravas
Explodindo de raiva

Poucas coisas deixam uma mulher tão sexy,
Tão charmosa,
E tão convidativa ao prazer
Quanto aquele olhar possesso,
Aquele ar de que vai quebrar tudo
E mandar o mundo pelos ares
Pelo simples fato de que algo não saiu ao seu gosto
Ou a contento seu

Mulheres assim são mais donas de si
Mais donas do mundo
E dos homens também
Tanto mais quando se sabe que por que por trás de tanta raiva, de tanta fúria,
Há sempre um encanto de mulher
Que apenas espera receber exatamente o que ela quer
E merece:

Todo o carinho,
Toda a atenção,
E todo o amor que existe!"

Augusto Branco