quinta-feira, 31 de março de 2011

Ninguém

Toquei minha pele na pele do meu
inimigo. Nunca mais escrevi nome
algum. Ninguém: é o que sou.

Hiberno. Até que tudo retome um
sentido. O desassossego é para ser
sentido a sós.

Beijei a face do meu inimigo. Uma e
Outra. Ele ofereceu-me o corpo.
Negado três vezes: judiação.

Com lâmina afiada, arranquei a pele
do meu braço e rosto. Pergaminho
para escrever nenhum nome.

Hiberno. Enquanto meu corpo se
reveste.

Pele macia a do inimigo. Lobo vestido
de algodão. Boca e língua de castigo.
O verbo: emudecido.

Hiberno.



Poema finalista do Prêmio OFF FLIP 2010

Nenhum comentário: