sábado, 8 de maio de 2010

Mãe


Certa vez, perguntaram à Dona Olinda qual era o seu
filho preferido, aquele que ela mais amava.
Ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:
-Nada é mais volúvel que um coração de mãe.
E, como mãe lhe respondo:
o filho preferido é aquele a quem me dedico de corpo e alma,
é o filho doente, até que se sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
O que está estudando, até que aprenda.
O que está nu, até que se vista.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que se cale.
E já com o semblante bem distante daquele sorriso,
completou Dona Olinda:
-O que já me deixou, até que o reencontre.


Do livro: Palavras Encantadas; 
Durval Ângelo e Ana Maria Gonçalves

Nenhum comentário: