terça-feira, 21 de junho de 2011

Casa Arrumada

 Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação
 e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico,
um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
 ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
 Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
 e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas,
 que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado
 no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias.
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela.
E reconhecer nela o seu lugar.

Drummond

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Noite de São João

A noite estava tão mágica
que as estrelas até sorriam
iluminando nosso coração
naquela noite de São João.

O seu olhar tão amado
atravessava a fogueira
vinha ficar ao meu lado
dando-me até tremedeira.
 

Quanta alegria e emoção
que se vive na meninice
o tempo amarrota tudo
sobra só o disse-me-disse.

A escuridão se perfumava
no cheiro de quentão e anizete
a paixão arfava nossos corpos
pureza pairava em nossa mente.

Felicidade faiscava em labaredas
como se fosse algo palpável
ser feliz era fácil, eram veredas
nelas iam firmes nossos passos.

Não fomos longe, é verdade
mas a alegria e a saudade
das festas de São João
nunca saíram do coração.
  

Tere Penhabe

São João

Lua cheia iluminando o céu
Fogueira ardendo na terra
Corações entrelaçados
Abraços apertados
No arrasta pé da paixão
Era noite de São João.
 
Damas vestidas de chita
Cavalheiros com chapéu na mão
A quadrilha marcava a festa
Como manda a tradição
E ao som da velha sanfona
Que não parava de tocar
Trocavam juras de amor
Esperando o sol raiar.


 Augusta Schimidt