sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ares de Primavera

Flor perdida no vento,
mensageira que veio de longe
traz letra cifrada em suas pétalas,
traz cor que desconhecia,
traz luz que pensei perdida.

Flor celeste, girassol lunar.
Não traz voz, mas pulsar cardíaco.
Sorri, pois sabe que lhe espero. 
Olhe-me, e lhe descubro oculta.
E finge estar perdida,
mas sei que lhe encontro.
E acompanha horas que se foram,
E se aninha no crepuscular da tarde,
na aurora que rompe a madrugada.
Flor que viajou despida de corpo,
que veio apenas na forma de essência.
E visita para depois deixar apenas fragrância,
perfume que encanta e traduz saudade.
Saudade de que, se é objeto oculto?
Se faz-se de mentira cheia de verdades?
Buquê de rosas, espinhos e pétalas.
E no toque de carícia,
oculta-se nos espelhos,
no mundo virtual de sua irrealidade.
E brinda o cálice de doçura e fel,
pois que traz contradição de ser.
E ser é inevitável, não tem rota de fuga,
pois que se encontra no horário,
na data marcada, no tempo perdido,
nas vozes que cantam uma canção,
nas poesias que desfizeram-se em sílabas
que desmontaram-se em letras,
que fizeram o caos viver em harmonia,
que criaram sementes na primavera,
que fugiram levando os outonos,
que roubaram o frio do inverno 
 e criaram o seu próprio verão.
E no calor de si, no afeto suave,
fez-se beijo na face, trocou carícias,
para depois depositar-se nos lábios
que, em seu silêncio, perderam palavras.
Murmuram dizeres, sons sem sentidos
que brotaram em significados,
em sentidos e sentimentos
que, por fim, fizeram-se emoções
que repousaram num cantinho do coração.
 

 

Sutilmente

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.


Composição: Samuel Rosa / Nando Reis

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cala te


Cala-te

Cala-te, desta paixão desvairada.
Sossega de um amor profundo.
Respira nossa amizade, amada.
E vive teu sonho neste mundo.

Cala-te, deste teus desejos amantes.
Sossega tuas noites de insônia.
Respira nossos carinhos, delirantes.
E vive em espirito, de paz e harmonia.

Cala-te, esta tua boca, doce.
Sossega nos beijos que te dei.
Respira o meu cheiro, que te trouxe.
E vive as horas que lá deixei.

Cala-te, de todo pensamento, amargo.
Sossega em flores amenas.
Respira seus momentos, em sorriso largo.
E vive das lembranças serenas.

Cala-te, esta tua voz, macia.
Sossega em minhas palavras, prometida.
Respira nos encantos da magia.
E vive nos conselhos, de frases proferidas.

Cala-te, por um só momento.
Sossega este teu corpo sagrado.
Respira tua espera, ao sabor do vento.
E vive, alimenta, deste teu amado. 
Angelo Sansivieri