Solta-se a alegria que há em nós,
Mal o relógio dá as doze badaladas...
Festeja-se, salta-se, sorrisos nos lábios...
Lágrimas que caem, sem se saber porquê,
Loucura, desejo, beijos...
Passas que se engolem em mil desejos...
Foguetes de cores que iluminam o céu,
Fogo que se solta num momento de fantasia...
Champanhe que se despeja, copos que se tocam,
Brindes e vivas que se dão...
Mais um ano que passou,
Adeus ano velho, feliz ano novo,
No entanto e quando os olham despertam...
Todos tomamos consciência,
Que nada mudou!
A guerra continua em tantos pontos do globo,
Armas que não se calam, uma foice que varre, destruição...
Continua a haver gente que morre à fome,
Procurando no lixo um pedaço de pão...
Continuam famílias na miséria,
Sem tecto para viver, sem história para contar...
Continuam a existir milhões de refugiados,
Gente que fugiu da dor, que vivem sem saber...
Continua a haver crianças que sofrem sem saberem sorrir,
Que não sabem brincar, que não sabem ser crianças...
Continua a haver tantas e tantas mães que choram,
Com filhos a morrerem nos seus braços...
Continua um planeta que morre lentamente,
Num negro que o envolve, numa poluição que o abraça...
Continuamos a ver a dor em muitos rostos fechados,
Doenças que alastram, jovens que se injectam...
Continua tudo igual a ontem...
Viva o ano novo, adeus ano velho,
Mas... haverá motivos para festejar?
Luis ferreira